No dia 12 de setembro, a Cotribá, cooperativa agrícola com sede em Ibirubá e considerada a mais antiga do Brasil, anunciou oficialmente a contratação de Luiz Felipe Maldaner para o cargo de Chief Executive Officer (CEO). O comunicado foi divulgado nas redes sociais da cooperativa, em um momento em que a instituição atravessa uma delicada situação financeira.
Segundo o texto, a nomeação de Maldaner integra o esforço do Conselho de Administração e do Comitê de Reestruturação para consolidar um processo de transformação estratégica, com foco em fortalecer a governança, a eficiência operacional e a credibilidade junto a associados, clientes, fornecedores e instituições financeiras.
O novo CEO tem uma longa trajetória no setor financeiro e acadêmico. Ex-executivo do Banco do Brasil e do Badesul, atuou em diferentes estados brasileiros e também na Coreia do Sul, onde chefiou a representação do BB por mais de cinco anos. Professor do Mestrado Profissional em Gestão e Negócios da Unisinos, Maldaner acumula experiência em gestão estratégica, negociação e reestruturação.
A mudança ocorre em meio a um cenário de apreensão. Em sua coluna no jornal Zero Hora, a jornalista Giane Guerra destacou que fontes do agronegócio apontam fragilidades na contabilidade da cooperativa já no ano passado, o que teria gerado desconfiança entre produtores. O presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Carlos Joel da Silva, confirmou atrasos no pagamento de fornecedores e funcionários, além do impacto de incêndios recentes em silos e da venda de ativos.
— Esperamos que melhore a partir da reestruturação. Como há estoque, a situação não é tão grave como a da Piá e da Languiru. É uma cooperativa grande, que não pode quebrar. Pelo que vemos, foi problema de gestão — afirmou Joel à colunista.
Segundo a publicação, estima-se que a Cotribá enfrente dívidas na ordem de R$ 100 milhões com vencimento em 30 dias, o que explica a urgência em reorganizar a gestão e dar credibilidade às negociações de passivos.
A cooperativa conta atualmente com 1,4 mil funcionários, 9,5 mil associados e 31 mil clientes. Sua estrutura inclui 29 unidades de armazenagem de grãos, uma fábrica de rações, 25 lojas agropecuárias, cinco postos de combustíveis, quatro supermercados e um centro comercial. Dada essa dimensão, a situação da Cotribá é considerada de risco sistêmico para o setor.
Com a chegada do novo CEO, o Conselho de Administração e a vice-presidência eleita devem se concentrar exclusivamente nas atividades institucionais e no relacionamento com o quadro social, transferindo à nova gestão a responsabilidade pelos negócios da cooperativa.
Raquel Balin Corrêa
RÁDIO CBS/REVISTA VIRAL
